Prisão
    
      É noite. Cá estou, olhando através dessas grades. Às vezes me custa entendê-las, tento arrancá-las, por instinto, mas não cedem. Estou enjaulado. Um apartamento no oitavo andar em um dos muitos blocos desse condomínio. Eis minha prisão.
Uma autêntica fortaleza, repleta de guardas, com todo o necessário para uma vida normal. Não somos obrigados a permanecer aqui durante o dia, mas quando o sol se esconde, os portões são trancados e nossos defensores se posicionam. Precisamos de defesa. Os monstros são semelhantes a nós, mas pensam e agem de forma diferente. Nos atacam, nos agridem.
Eu tive sorte. Quando era garoto os portões não se fechavam. Pais e avós trabalhavam com vontade e paixão, iluminados pela Lua. As crianças brincavam com a terra e com a água, sorriam. Hoje são robôs programados para não sentir dor. Nós não sabíamos o significado dessa palavra, éramos livres.
Os antepassados acreditavam em um Deus ao qual chamavam Amor. Desse pouco sei, não nos falavam muito sobre ele. Ao invés disso, nos mandavam buscá-lo. Difícil procurar algo sem saber do que se trata. Ainda sim, era melhor que os dias em que padeço, onde somos governados por aforismos. São lei e força. Não somos nada.
Ah! As lembranças vêm com um acre sabor. O clima pesado e o céu cinza em nada se parecem com a paisagem gravada em mim. Esta será um conto de fadas para as próximas gerações. Eu digo: é o mínimo que posso fazer. Não deixarei minha luta ser em vão. Sim, ousarei contar-lhes sobre o azul, sobre o anil.
Post escrito para meu amigo Flavio. Não gostei e acho que não ficou nem parecido com o que ele queria.
    
    
    
    
  
  Uma autêntica fortaleza, repleta de guardas, com todo o necessário para uma vida normal. Não somos obrigados a permanecer aqui durante o dia, mas quando o sol se esconde, os portões são trancados e nossos defensores se posicionam. Precisamos de defesa. Os monstros são semelhantes a nós, mas pensam e agem de forma diferente. Nos atacam, nos agridem.
Eu tive sorte. Quando era garoto os portões não se fechavam. Pais e avós trabalhavam com vontade e paixão, iluminados pela Lua. As crianças brincavam com a terra e com a água, sorriam. Hoje são robôs programados para não sentir dor. Nós não sabíamos o significado dessa palavra, éramos livres.
Os antepassados acreditavam em um Deus ao qual chamavam Amor. Desse pouco sei, não nos falavam muito sobre ele. Ao invés disso, nos mandavam buscá-lo. Difícil procurar algo sem saber do que se trata. Ainda sim, era melhor que os dias em que padeço, onde somos governados por aforismos. São lei e força. Não somos nada.
Ah! As lembranças vêm com um acre sabor. O clima pesado e o céu cinza em nada se parecem com a paisagem gravada em mim. Esta será um conto de fadas para as próximas gerações. Eu digo: é o mínimo que posso fazer. Não deixarei minha luta ser em vão. Sim, ousarei contar-lhes sobre o azul, sobre o anil.
Post escrito para meu amigo Flavio. Não gostei e acho que não ficou nem parecido com o que ele queria.
