Justiça
    
      "É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes a vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao esporte, ao lazer, a cultura, ao respeito, a dignidade, a liberdade e a convivência familiar e comunitária."
(Art. 4º - Estatuto da Criança e do Adolescente)
"Quando a foice cortou meu dedo, eu não sabia se sentia dor, fome ou raiva, muita raiva."
(Arnon, 13 anos, carvoreiro, MG)
"Faço estria nas árvores, jogo ácido e meto a mão na resina das 7 até as 16 horas. Não sei escrever o meu nome porque, depois do serviço, eu só quero comer e ir para a cama."
(Vanderley dos Santos, 14 anos, seringueiro, SP)
"Doem as costas porque estamos pegando folhas da base do pé. Eu tenho que vir com essa blusa de uma manga comprida porque tem o suco do fumo que fica colado na gente."
(Carla, 15 anos, fumicultora, RS)
Ao ler esses trechos, que apareceram numa questão de vestibular na minha apostila de Geografia do Brasil, senti vontade enorme de postar. Não sou uma super-garota, nem vou discutir sobre política horas e horas a fio. Talvez prefira discutir justiça.
Minha visão de mundo é repleta de devaneios e utopias, reconheço. Mas... é justo? Eu aqui, no conforto do meu lar, digitando no meu computador a minha opinião sobre o que é a vida desses adolescentes, para posteriormente publicar numa página pessoal na internet, enquanto eles mesmos, os protagonistas sem os quais não existiria texto meu, não poderiam nem ao menos ler essa opinião se lhes fosse entregue em papel impresso?
Só queria que nosso grito fosse alto o suficiente...
    
    
  
  (Art. 4º - Estatuto da Criança e do Adolescente)
"Quando a foice cortou meu dedo, eu não sabia se sentia dor, fome ou raiva, muita raiva."
(Arnon, 13 anos, carvoreiro, MG)
"Faço estria nas árvores, jogo ácido e meto a mão na resina das 7 até as 16 horas. Não sei escrever o meu nome porque, depois do serviço, eu só quero comer e ir para a cama."
(Vanderley dos Santos, 14 anos, seringueiro, SP)
"Doem as costas porque estamos pegando folhas da base do pé. Eu tenho que vir com essa blusa de uma manga comprida porque tem o suco do fumo que fica colado na gente."
(Carla, 15 anos, fumicultora, RS)
Ao ler esses trechos, que apareceram numa questão de vestibular na minha apostila de Geografia do Brasil, senti vontade enorme de postar. Não sou uma super-garota, nem vou discutir sobre política horas e horas a fio. Talvez prefira discutir justiça.
Minha visão de mundo é repleta de devaneios e utopias, reconheço. Mas... é justo? Eu aqui, no conforto do meu lar, digitando no meu computador a minha opinião sobre o que é a vida desses adolescentes, para posteriormente publicar numa página pessoal na internet, enquanto eles mesmos, os protagonistas sem os quais não existiria texto meu, não poderiam nem ao menos ler essa opinião se lhes fosse entregue em papel impresso?
Só queria que nosso grito fosse alto o suficiente...
