Parece que sempre chega a hora de encarar o mundo real. Pouco a pouco as obrigações, os deveres, as cobranças, tomam uma parte muito importante do nosso
"eu" e, então, temos que crescer. Num crescimento, muitas vezes forçado, somos impelidos a nos preocupar com coisas que nem ao menos queríamos. Entre preocupação e outra, sobra um escasso tempo para nos questionarmos sobre os porquês e as vontades verdadeiras. Alguém aí realmente está onde gostaria de estar? Quero dizer...
Nascer, crescer, perpetuar, envelhecer, morrer. E quem disse que eu queria seguir a ordem natural das coisas? Por que não ser a ovelha negra, a revolucionária que pode mudar o imutável? Por que não ser a grande utópica que sempre fui e lutar por isso com garras e presas? Por que acabar vendendo minha alma por um emprego bem remunerado, se o que eu queria mesmo era deitar na areia da praia e ver as ondas quebrando?
E me obrigam a viver num mundo onde cada vez mais as pessoas menos vivem. O frio mata, a fome mata, a sede mata, a doença mata, o descaso mata, o desamor mata, a dívida mata, o ciúme mata, a inveja mata, a arma química mata, a crença mata, a diferença mata...
Às vezes eu fecho meus olhos bem forte desejando viver um dia como louca. Um dia sem pensar em passado, presente, futuro. Sem pensar em RG, CPF, Carteira de Trabalho, de Motorista, Título de Eleitor, Imposto de Renda, IPVA, IPTU, Plano de Saúde... Um dia comendo algodão doce e vendo o pôr-do-sol. Um dia jogando o chapéu pro alto, correndo no campo, dançando juntinho. Um dia simples assim. Um dia de sorrisos.
Ain't that a bitch - Aerosmith