Ela gostava de se perder
Madrugada chuvosa. Ainda acordada, lia o livro que uma grande amiga lhe dera antes de sair do país. Sentia enorme saudade, mas a probabilidade de vê-la novamente era bem pequena. O livro era uma lembrança, com a dedicatória mais bela que alguém poderia receber. Lia e relia quantas vezes pudesse, procurando linhas que desvendassem todo o mistério da vida.
Em alguns capítulos do livro, o som da chuva nas ruas a desconcentrava e ela se perdia em meio a suas fantasias. O homem que ela amava havia voltado para sua cidade natal. Emprego garantido, contatos, família. Ela ficou. Também tinha um bom emprego e parentes por perto. Nenhum dos dois pôde negligenciar os fatos. E cada um seguiu seu rumo, prometendo amor eterno, ainda que a distância insistisse em contestar. Ela gostava de se perder nas fantasias. Em algumas delas, ele voltaria e o amor seria mesmo eterno.
Precisava dormir cedo, teria um dia cansativo ao acordar. Seguir em frente, deixar as fantasias de lado, esquecer a distância, esquecer que o tempo às vezes leva os que mais nos são importantes... e trabalhar, ganhar para seu sustento, para pagar as contas. Enfrentaria o trânsito pesado e as núvens cinzas no céu para no fim do dia poder tomar seu banho quente. Para, aos domingos, almoçar com os pais e ouvir palavras proferidas com orgulho.
A isso chamavam vida. Ela ainda duvidava. Pensava na amiga e tentava lembrar qual o tom daqueles belos olhos claros. Pensava naquele que havia deixado partir por causas menores que seu amor. Por causas menores do que aquelas em que acreditava. Encostava a cabeça no travesseiro e lembrava do sorriso que a motivava todos os dias. O mais encantador de todos os sorrisos. Pena que ele jamais veria dessa mesma forma.
Ela gostava de se perder.
Esse texto foi escrito para o Metáphoras, quando eu ainda era colunista de lá. Ontem, o Thi me chamou para voltar. Alguma sugestão?
PS: Obrigada ao pessoal que está colaborando com meu Top5.
Em alguns capítulos do livro, o som da chuva nas ruas a desconcentrava e ela se perdia em meio a suas fantasias. O homem que ela amava havia voltado para sua cidade natal. Emprego garantido, contatos, família. Ela ficou. Também tinha um bom emprego e parentes por perto. Nenhum dos dois pôde negligenciar os fatos. E cada um seguiu seu rumo, prometendo amor eterno, ainda que a distância insistisse em contestar. Ela gostava de se perder nas fantasias. Em algumas delas, ele voltaria e o amor seria mesmo eterno.
Precisava dormir cedo, teria um dia cansativo ao acordar. Seguir em frente, deixar as fantasias de lado, esquecer a distância, esquecer que o tempo às vezes leva os que mais nos são importantes... e trabalhar, ganhar para seu sustento, para pagar as contas. Enfrentaria o trânsito pesado e as núvens cinzas no céu para no fim do dia poder tomar seu banho quente. Para, aos domingos, almoçar com os pais e ouvir palavras proferidas com orgulho.
A isso chamavam vida. Ela ainda duvidava. Pensava na amiga e tentava lembrar qual o tom daqueles belos olhos claros. Pensava naquele que havia deixado partir por causas menores que seu amor. Por causas menores do que aquelas em que acreditava. Encostava a cabeça no travesseiro e lembrava do sorriso que a motivava todos os dias. O mais encantador de todos os sorrisos. Pena que ele jamais veria dessa mesma forma.
Ela gostava de se perder.
[21.02.2005]
Esse texto foi escrito para o Metáphoras, quando eu ainda era colunista de lá. Ontem, o Thi me chamou para voltar. Alguma sugestão?
PS: Obrigada ao pessoal que está colaborando com meu Top5.